De-mente

Me querias todo, infeliz-mente?

Então, por que, calma-mente,

Tua mente

Não sendo dor-mente,

Me convidou

Para uma reflexão de-mente?

Ou quis me avisar

Que, como uma ursa está a hibernar

Do amor por mim, a se-mente?

Ou estarás tu, perversa-mente,

Como disse Augusto dos Anjos,

Assistindo fria-mente,

"Ao formidável enterro

da minha última quimera"?

Pois prometo, que minha tal-mente,

Te exclui dos seus arquivos,

Mesmo sendo absurda-mente!

Por fim, sei que poetica-mente

O poeta, irônica-mente,

Para os outros só-mente,

Mas ninguém pra si se-mente!

Sou poeta, mas não fingida-mente...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 24/05/2008
Reeditado em 09/12/2008
Código do texto: T1003755
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