Amar ainda é possível?

Sobe ao firmamento

A doce leveza do vento

Arrastando o vôo da noite

Entre brumas esquecidas

No mundo do tempo perdido

Nesse instante revivido

Nos sonhos do entardecer.

O rio que bebe da fonte

E se perde no horizonte

Na busca da voz que se cala

Procurando a nota que falta

Seguindo a mesma escala

Para compor a ária insone.

Nessa era tão sombria

Em que amar é quase um crime

O bem querer é só a posse

Que o outro tem de você.

Nosso amor que era puro

Deixamos no escuro

Na hora do sol nascer.

Tentando encontrar o teu gosto

Encontrei o seu oposto

Na boca do negro céu...

Espúria se tornou a alma

Que divaga oculta no tempo

Para encontrar a beleza da calma

Que habita a pureza errante

Ainda que seja por um instante.