NO FUNDO, BEM FUNDO, A VIDA

... e quando nos despirmos de toda a racionalidade, conceitos, pré conceitos, palavras de ordem, tudo que é estranho ao nosso ser mais profundo, aquele que é anterior às palavras e aos postulados...


Deixar fluir a forma bruta
intocada e desconhecida,
a forma informe, planta rara
exótica e bela, enclausurada,
despudorada, ingênua,
tresloucada florescência,
aquarela líquida, magma
das profundezas intocadas
e nem saber de onde
vem tal correnteza,
e em não saber, ter
todas as certezas,
tal como a noite sempre
segue o dia, tal como
amar é sempre uma sangria
e ao pisar enfim a terra fria,
sem mais os pés de agora
e sem mais horas,
e em não ter, ser dono por inteiro
e em não ver, captar todas as cores...

Deixar fluir a forma bruta
intocada e desconhecida
no silêncio sem perguntas,
       silêncio apenas,
ávido dessas águas cristalinas,
de seus rumores ancestrais,
dessa seiva intacta que
ainda brota e verte
trazida por atalhos,
subrepticiamente, 
e num quase milagre
de incompreensível teimosia,
derramada na planície
atinge formosa alforria,
rompido o duro gelo
da racional superfície...
tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 22/05/2008
Reeditado em 22/05/2008
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