A Evolução das Pedras

No descanso de demora, dormiu de esquecimento, a pedra tão inerte.

As águas afogaram as terras fracas, riachos e ribeiros.

A estrada, consumiu de velharia e poeira.

Sob o concreto, escondeu a turva e sizudez.

Era pedra, uma quina, corte de machado, quase um metal.

Ruiu de castelos, tumbas frias, alicerces intocáveis.

Todavia, esfarelou a dureza.

Se sacode, pedregal, rocha dura, estilhaços.

E de moinho e mó, o pedrisco vira pó, resquícios de fortaleza.

E barro, amassa o oleiro, dá forma, vasos e jarros.

Tão bem maciça oh, pedra, que antes morria, matava, escorria o sangue da pedrada.

Agora, és poeira, pó de esteira, manuseada de dedos.

Maleável rocha, que inerte, intocável, natureza difícil.

Na cristaleira, enfeita, decora, destaca.

Da pedra rude de outrora, és bela arte de terra.

No descanso de demora...

João Francisco da Cruz