SAUDADE: POESIA DO ESQUECIMENTO
Saudade, palavra-solta,
que se descola do peito,
voa em pedaços,
sem rumo, sem norte,
sem endereço,
sem porto seguro.
s a u d a d e
s o l t a s e m s i l ên c i o
d i l u í d a s
n o t e m p o
s a u d a d e
é f r a g m e n t o
c a n ç ã o q u e s e d i s s o l v e
é p a r t í c u l a q u e s e e n c o n t r a
Saudade, palavra que se desdobra,
Como as ondas que beijam a praia,
Ecoando memórias, afagos, ausências,
Na língua, no peito, na alma vazia.
sau(da)de
é o mar
em
re-manso,
é a (a)fluência
de um rio
que corre
para trás.
Saudade, essa palavra que se estica,
se enrola, se enrosca na garganta,
um nó que aperta, que sufoca,
que tece fios de lembrança,
que tece fios de ausência.
Saudade, saudação
e dor. Saudade
é
dar
(de)
alma e ar,
perdendo-se
em suspiros,
em
palavras
que
(não)
dizem.
Palavras que geram outras palavras,
Como sementes lançadas ao vento,
Saudade, teço-te em versos, em murmúrios,
Na dança das letras, na poesia do esquecimento.