SAUDADE: POESIA DO ESQUECIMENTO

Saudade, palavra-solta,

que se descola do peito,

voa em pedaços,

sem rumo, sem norte,

sem endereço,

sem porto seguro.

s a u d a d e

s o l t a s e m s i l ên c i o

d i l u í d a s

n o t e m p o

s a u d a d e

é f r a g m e n t o

c a n ç ã o q u e s e d i s s o l v e

é p a r t í c u l a q u e s e e n c o n t r a

Saudade, palavra que se desdobra,

Como as ondas que beijam a praia,

Ecoando memórias, afagos, ausências,

Na língua, no peito, na alma vazia.

sau(da)de

é o mar

em

re-manso,

é a (a)fluência

de um rio

que corre

para trás.

Saudade, essa palavra que se estica,

se enrola, se enrosca na garganta,

um nó que aperta, que sufoca,

que tece fios de lembrança,

que tece fios de ausência.

Saudade, saudação

e dor. Saudade

é

dar

(de)

alma e ar,

perdendo-se

em suspiros,

em

palavras

que

(não)

dizem.

Palavras que geram outras palavras,

Como sementes lançadas ao vento,

Saudade, teço-te em versos, em murmúrios,

Na dança das letras, na poesia do esquecimento.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 30/05/2024
Reeditado em 30/05/2024
Código do texto: T8075126
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