Sonho
O dia amanheceu vermelho metálico.
Nas ruas podia-se ouvir inúmeros baques de metal caindo.
Nas calçadas escorriam os primeiros filetes da revolução.
Tingindo o concreto e o asfalto de vermelho-vida.
Não eram os românticos deflagrando tiros nos peitos.
Eram racistas com suas cabeças rolando por avenidas.
Guilhotinas cantavam golpes surdos nos pescoços de muitas esquinas.
Crianças e adultos chutavam as cabeças-bola entre os pedestres e os carros.
Comunistas ouviram gritarem pela torrente escarlate a colorir as veias da cidade.
No utópico alvorecer brasílico, o racismo era crime punível com a morte.
Cortem-lhes as cabeças!
Cortem-lhes as cabeças!
Cortem-lhes as cabeças!