Bisbilhotando
Agora,
vejo o que mais ninguém vê.
Sou corpo pulsante atrás da porta,
escondido, quase silenciosamente,
aqui fora,
observando atentamente você.
Não se esconda!
Sei que desconfias da minha presença;
pressentindo
- só não sei se desejas -,
a minha inevitável incontinência.
Mas não se esconda!
Enquanto a água flui,
gravidade abaixo,
meu corpo, que não te possui,
brinda ao sabor do desejo.
Do céu de onde vieste até cá, embaixo,
encanta-me a penugem, quanto gracejo.