Bisbilhotando

Agora,

vejo o que mais ninguém vê.

Sou corpo pulsante atrás da porta,

escondido, quase silenciosamente,

aqui fora,

observando atentamente você.

Não se esconda!

Sei que desconfias da minha presença;

pressentindo

- só não sei se desejas -,

a minha inevitável incontinência.

Mas não se esconda!

Enquanto a água flui,

gravidade abaixo,

meu corpo, que não te possui,

brinda ao sabor do desejo.

Do céu de onde vieste até cá, embaixo,

encanta-me a penugem, quanto gracejo.

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 09/08/2023
Código do texto: T7857360
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