CORAÇÃO REAL ENLUTADO

CAPÍTULO I – PRECISA-SE DE UMA RAINHA

Há um cartaz na porta do castelo

E um estandarte na praça central

cujo talhe das letras é muito belo...

O que havia escrito neles afinal?

O reino precisa de uma rainha.

tratar com o nosso querido rei.

Mais nenhum dado ali continha.

Por que não fez decreto? Pensei.

Alguém veio me dar explicação,

Parecia ler o meu pensamento.

O monarca mal deu autorização.

A vida para ele perdeu o sentido,

Quando a rainha foi ao firmamento,

Deixando aqui na terra seu marido.

CAPÍTULO II – COMO DEVE SER A RAINHA?

Que tipo de rainha o reino deseja?

Igual àquela que já fora falecida?

Uma mulher cuja juventude viceja?

Ou alguém vítima da viuvez na vida?

A rainha tem que ser bem austera?

Ela deve ser uma moça ou adulta?

Tem que ser gentil ou uma fera?

Ser uma ignorante? Uma culta?

Tem que saber prenda doméstica?

A rainha deve gostar de animais?

Ela deve ser religiosa ou cética?

Como deve ser a nova rainha?

Deveria ter escrito muito mais

No cartaz ou flâmula da pracinha.

CAPÍTULO III – FILA DE PRETENDENTES

Tentaram extrair do monarca

Como deveria ser a nova rainha,

Contudo o silêncio ainda abarca

A boca e mente do rei. Peninha!

Como não havia nada esclarecedor,

Todas as mulheres do reino então

decidiram ir ao castelo do imperador

na crença de ele lhes pedisse a mão.

Além de rainha, cada uma consigo

Trazia um oculto objetivo em mente.

Umas poder, outras querem abrigo,

Outras título de nobreza, vida de luxo.

Até uma bruxa queria ser pretendente,

Usava como disfarce um sóbrio capucho.

CAPÍTULO IV – O NÁUFRAGO

A cada não dado no palácio era choradeira só.

As da fila ficavam alegres com tal detrimento.

Às vezes, ao ver o monarca triste de dar dó,

As mulheres nem o pediam em casamento.

Uma dessas resolveu quebrar o protocolo.

Aos ser entrevistada, o que chamou atenção

É que a mulher foi até ao rei o pôs no colo

E com voz doce disse: abra-me seu coração.

Nesta mesma hora o rei desandou a chorar

Chorava copiosamente sem nenhum pudor.

Isso majestade! Assim sua angústia vai passar.

A cada soluço, o rei recebia um terno afago.

Cada lágrima caída era um adeus dado a dor.

A consoladora via a tristeza real num naufrago.

CAPÍTULO V – EXPIAÇÃO FINAL

O rei disse à mulher o quanto amava a rainha,

Mas o que fazer com amor se ela estava morta?

O monarca fala que agora no umbral caminha

E que nada mais na sua mísera vida importa.

O coração dele ficará eternamente enlutado

E que nenhuma mulher terá o seu coração,

Mesmo que, atualmente, ele seja obrigado

(Por questões políticas) tomar tal decisão.

A tristeza do rei para sempre se dissipara

Suas lágrimas secaram, chegaram ao fim

Sua majestade traz agora uma nova cara.

Seus olhares não andam mais perdidos

A luz ocular ganha um novo brilho enfim...

Os sofrimentos do rei será foram banidos?!

CAPÍTULO VI - PEDIDA EM CASAMENTO

Chega! Já chorei tudo que tinha direito.

Falei pelos cotovelos! Falei até demais!

Para o bem do reino não há outro jeito,

Terei que me casar. Ficar viúvo, jamais.

Pois bem! Obrigado pela sua solidariedade.

Já que sabe de tudo, faço-lhe este convite:

Quer casar comigo, ser rainha de verdade?

Quer um tempo para pensar? Não hesite!

Você é uma mulher sábia, muito generosa,

Inteligente, serena, perspicaz e bem legal.

Será uma rainha, digamos, maravilhosa.

Então! Já que sabe de tudo, o que me diz?

Não prometo lhe dar amor e sim ser leal.

Seja minha rainha e torne nosso reino feliz.

CAPÍTULO VII – PEDIDO NEGADO

O reino será feliz e o senhor, Majestade?

Será igual ao reino, casando-se comigo?

Reflita e me diga com toda sinceridade!

Em seu coração enlutado não terei abrigo.

Não só eu, mas todas as mulheres do reino;

Ou qualquer mulher existente no mundo.

Núpcias sem amor dos cônjuges nem por treino!

Casar sem amor por alguém é nauseabundo.

Para o seu pedido de casamento digo não!

Pode parecer que eu o estou esnobando,

Mas casamento sem amor já é separação.

Um de nós ou ambos por essa leviandade

Pode acabar seriamente se machucando;

Entende o que estou dizendo, majestade?!

CAPÍTULO VIII – POR QUE FICOU NA FILA AFINAL?

Não o amo. O senhor ama a rainha falecida.

Um casamento entre nós será pura fachada.

Logo, saia dessa situação de cabeça erguida.

Desista do casório e dispense a mulherada.

Mulher, se não quer casar, nem ser rainha,

Diga-me: O que está fazendo aqui afinal?

Enfrentou fila gastando tempo que tinha,

Para quê? Satisfazer um capricho jovial?

Majestade, não pense isso de mim.

Não Sou uma pessoa aproveitadora,

Egoísta. Sou um ser bom, não ruim.

Sua majestade é humano, honesto e reto.

Não é justo que de repente uma senhora

Vire rainha e mascare sua dor por completo.

CAPÍTULO IX – DOIS CONSELHOS

Majestade, o senhor tem, mesmo que oculto,

Muitos amigos leais e sou deles um exemplo.

Quando o coração enlutado receber o indulto

De sua majestade, o senhor poderá no templo

Casar-se de verdade, de coração, corpo e alma;

Para receber, sim, todas as bençãos do sagrado.

Casando-se por amor, sua vida pessoal acalma,

Podendo em outros problemas ficar centrado.

Maioria das mulheres da fila querem ostentação

Ou buscam ter status ou um título de nobreza.

Se estiver uma gamada, não terá seu coração.

Majestade, espero ter aberto bem os seus olhos

Uma vez que com seu interior cumpri o objetivo.

Desde que me ouça, ficará livre dos dois trambolhos.

CAPÍTULO X – ADEUS FARSA

Mulher, você tem razão. No presente momento

Não quero festa alguma e nem tão pouco esposa.

Deixe que o tempo faça dessa dor um livramento.

Se tal dor não me levar antes, a vida será ditosa.

A ideia do casamento não é minha, você sabe.

Os amigos da corte queriam me tirar da tristeza.

Não os proibi, nem os pedi para que isso acabe.

Agora vivo uma ocasião que me traz estranheza.

Vou dispensar as mulheres da fila de imediato.

Acabar com essa farsa de quero ter uma rainha.

Desejo ficar só, embora esse viver pareça chato.

Mulher, obrigado pela sua já não oculta amizade.

Não estou comprando, sei que não é mesquinha.

Não se ofenda, quero compensá-la pela lealdade.

CAPÍTULO XI – A NOVA CONSELHEIRA

Majestade, qual o seu pensamento sobre mim?

Além da lealdade, demonstrou-me ser uma sábia.

Quero que seja minha conselheira. Que diz? Sim?!

Com você ao meu lado, ninguém me levará na lábia.

Não será uma simples plebeia, mas uma cortesã.

Você poderá deixar o cargo, assim que desejar.

Dizendo sim, mudará para este castelo amanhã;

Um não já de sua parte a contragosto vou aceitar.

A nova conselheira para todo reino é anunciada.

O rei mantém-se no luto, todavia agora aliviado.

Ninguém mais ficará no lugar de sua rainha amada.

Aos agora amigos da corte, a nova conselheira diz:

O tempo é o senhor dos remédios, diz o bom ditado.

Sem o luto, quem sabe o rei se apaixonará e será feliz?!

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 19/06/2020
Código do texto: T6981997
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