Tempestade
Tempestade.
guido campos
Despencam as palavras do céu como gota d'água,
E se ajuntam na beirada da calçada,
Formando frases largadas.
Escorrem rua abaixo o montador de diálogos,
Passa pelo bar, pelo lar, pela praça abandonada,
Empossando na esquina,
Onde tem humanos, aonde têm brigas.
Um velho apanha um punhado, guarda no bolso, junto com o guardanapo.
Em casa retira do bolso,
E na melhor hora, usa-se delas para fazer sua prosa.
Com elas rega se,
As rosas,
As fossas,
As rodas,
E depois a dispensa em qualquer porta.