Ciceroneando Heráclito pelos jardins de Epicuro
"Lá ficou durante toda a noite, a qual ele passou em parte num meio sono - do qual a fome sempre voltava a acordá-lo [....]" (Franz Kafka, A Metamorfose)
Os discursos e as palavras
não são feitos para revelar
mas para ocultar
Mas para ocultar quem?
O homem, o rio, as águas ou as almas?
Nunca decifrarás um discurso
olhando-o diretamente
precisarás de um espelho
como Jasão decifrou Medusa
com o aço de uma espada
não virou pedra, mas ganhou-lhe a mente
Mas ganhou-lhe qual mente?
A verdadeira, a oculta, a viva ou a morta?
Como Édipo decifrou Esfinge
Olhando-se a si mesmo
Criança, adulto e ancião
Se fosse longe procurar o enigma
Não teria visto que era a si mesmo
Que as palavras ocultavam, sob véus
Mas quantos véus terá Ísis?
Quantas espadas de espelho, Jasão?
Quantos pais e mães, Édipo?
Quantos vocês, eu?
Leia os discursos na ordem reversa.
Se estiver em grego, hindu.
Se estiver em árabe, latim.
Se for cristão, siga a lei persa.
Ao ser Zoroastro, Xamã, Zulu.
Pensamento em você, lembrança de mim.