Versos cortantes
Os meus versos têm gumes, têm arestas,
Não foram feitos para acariciar...
Riscam o mundo em linhas modestas,
Mas ao toque, ah, sabem sangrar.
São palavras de lâmina, afiadas,
Que às vezes, escondem o que sou,
E noutras, revelam em rajadas
Um tanto do que ainda restou.
Não são para os dedos desavisados,
Nem para olhos que temem o saber;
Meus versos,
São cacos mal-intencionados,
Do espelho que insisto escrever.
E ao lê-los, quem sabe, se fira,
Mas não por maldade nem dor.
Só porque as palavras esquecidas,
Machucam por pura falta de amor.