O Rastro dos Tropeiros
No estrondo dos cascos, no pó do caminho,
Segue o tropeiro, de olhar decidido,
Lá vai o gaúcho, valente e sozinho,
Desbravando o pampa, no rumo perdido.
O vento minuano acaricia a fronte,
Enquanto a boiada desfila imponente,
Cruzando coxilhas, subindo o horizonte,
Num rastro marcado, bravio e latente.
Traz o cheiro da terra e o peso da estrada,
Carrega na alma o silêncio profundo,
Das noites sombrias, sem cama e sem nada,
Só o céu estrelado e o frio oriundo.
Cada pisada, um marco na história,
De um tempo de luta, de fibra e ardor,
Onde o mate aquecido acalma a memória,
E o tropeiro descansa do árduo labor.
Ah, tropeiro do sul, teu passo é saudade,
E a poeira que ergues, legado de fé,
És parte do campo, és parte da idade,
Que o vento levou, mas a gente não quer.
Fica o rastro no chão, o eco na serra,
E a lenda contada no fogo de chão,
Dos homens que uniram o sul e esta terra,
Num destino traçado, por braço e por mão.
Assim segue o tropeiro, no tempo e no espaço,
Em cada lembrança que o pampa guardar,
Deixando no vento o eterno compasso
De um gaúcho destemido, a tropeada a honrar.