Baile das Lendas

Num fandango certo dia

Vi o boi da cara preta

Não podia fazer nada

Não podia fazer careta

Tinha uma bruxa feia

E tinha um lobo mau

E uma mula sem cabeça

Esperando no quintal

Tinha um negrinho

Junto do boi da cara preta

Eu achei meio estranho

Pois ele era perneta

Tinha um baixinho

Com os dentes esverdeados

Que não podia dançar

Pois tinha os pés trocados

Esse era muito estranho

Eu fiquei apavorado

Os pés virados para trás

E os dentes esverdeados

Tinha um tal de anguera

De bombacha e paletó

Muito alegre e contente

Diz que veio de pirapó

Todos juntos numa festa

Todos rindo com alegria

Não tinha assombração

Como minha avó dizia

E eu entrei nessa festa

Era isso que eu queria

O boi da cara preta

Cantava e tocava violão

E o saci do lado

No Cajon e guitarron

O lobo esperava a mula

Para que ela não se esqueça

Que foi num bochincho

Que ela perdeu a cabeça

A bruxinha bailava

Mexendo o seu vestido

Enquanto o saci olhava

Com sentimento contido

Num valseado dos tropeiros

Brilhou na ocasião

O curupira e o anguera

Na dança do facão

E eu estava lá

Nesse momento encantado

Eu não estava com medo

Eu não estava apavorado

Foi então que eu notei

Que eu tinha sonhado

E agora estou aqui

Sorrindo acordado

Mateus Fernandes DE SOUZA
Enviado por Mateus Fernandes DE SOUZA em 31/10/2024
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