O Fogo de Chão
No coração da estância, o fogo arde manso,
Chama antiga que aquece, guardião de cada rancho.
É ali que o gaúcho senta, mateando em comunhão,
E em torno da brasa viva, renasce a tradição.
O fogo de chão não é chama qualquer,
É memória que perdura, é história que se quer.
É nas brasas que se assam, os causos do passado,
Cada faísca é um verso, cada fumaça um legado.
O estalar da lenha é música antiga,
Que embala conversas, sem pressa, nem briga.
Ali, se partilha o pão, se reparte o sentimento,
No fogo de chão, o gaúcho encontra alento.
Entre um gole de mate e o calor da grelha,
Contam-se histórias da vida, de lida e centelha.
Cada labareda carrega uma lembrança,
De tempos idos, mas vivos, no peito que alcança.
É o fogo que une, que faz o gaúcho lembrar,
Que a tradição é eterna, no flamejar do lar.
Ali se fazem promessas, ali se firmam laços,
O fogo de chão é raiz, é braço dos antepassos.
Nas noites longas do pampa, o fogo ilumina o rincão,
É farol de cultura, é chama e coração.
Enquanto o fogo arder, a tradição vai viver,
Nas estâncias do sul, onde o gaúcho é ser.
E assim, segue a chama, queimando o velho chão,
Guardando o que é sagrado: história, amor e paixão.
O fogo de chão é mais que calor,
É a alma do gaúcho, aquecendo o interior.