Sob a Lua do Pampa

Nas noites escuras, de lua cheia,

O pampa se cala, o vento suspira,

Um vulto sombrio, na sombra se alteia,

E o coração do gaúcho logo conspira.

Dizem que o sétimo filho nascido,

Carrega o fardo de um destino cruel,

No sangue da família, o mito é cumprido,

Quando a lua é plena, ele torna-se fel.

Pelas estradas do campo, solitário,

O lobisomem vaga, sem rumo e sem fim,

Com olhos de fogo e uivo legendário,

Assombrando os rincões até o confim.

Seu corpo é metade homem, metade fera,

Seus passos ecoam na terra batida,

E quem o encontrar nessa noite austera,

Carregará consigo a marca da vida.

Os cachorros uivam, o gado estremece,

Na alma do pampa, o medo desperta,

Pois o lobisomem, que o campo enriquece,

Vive entre o mito e a verdade encoberta.

Mas ao raiar do sol, sua maldição

Desvanece na brisa, a fera se vai,

E o homem retorna, sem recordação,

Do que na noite escura, em lobo se faz.

Assim segue o pampa, entre o real e o mito,

Nas histórias contadas em roda de fogão,

O lobisomem, criatura aflita,

É parte do pampa, do campo e do chão.

Thiago Sasso
Enviado por Thiago Sasso em 21/10/2024
Código do texto: T8178520
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