Sob a Lua do Pampa
Nas noites escuras, de lua cheia,
O pampa se cala, o vento suspira,
Um vulto sombrio, na sombra se alteia,
E o coração do gaúcho logo conspira.
Dizem que o sétimo filho nascido,
Carrega o fardo de um destino cruel,
No sangue da família, o mito é cumprido,
Quando a lua é plena, ele torna-se fel.
Pelas estradas do campo, solitário,
O lobisomem vaga, sem rumo e sem fim,
Com olhos de fogo e uivo legendário,
Assombrando os rincões até o confim.
Seu corpo é metade homem, metade fera,
Seus passos ecoam na terra batida,
E quem o encontrar nessa noite austera,
Carregará consigo a marca da vida.
Os cachorros uivam, o gado estremece,
Na alma do pampa, o medo desperta,
Pois o lobisomem, que o campo enriquece,
Vive entre o mito e a verdade encoberta.
Mas ao raiar do sol, sua maldição
Desvanece na brisa, a fera se vai,
E o homem retorna, sem recordação,
Do que na noite escura, em lobo se faz.
Assim segue o pampa, entre o real e o mito,
Nas histórias contadas em roda de fogão,
O lobisomem, criatura aflita,
É parte do pampa, do campo e do chão.