CHIMARRÃO

a cada mate que cevo

é um tempo bem vivido

um pensamento que levo

a cada gole sorvido

como o jujo de maçanilha

no topete adormecido

na companhia do tempo

enquanto o dia amanhece

espero, matutando a vida

enquanto a água se aquece

até o chiar da chaleira

encerro a matutina prece

o verde da aurora

perdura em minhas mãos

com o calor das águas

tangido de emoções

a cada mate sorvido

jujado de solidões

com receio de um mate frio

ou de um mate bem lavado

enchido pela bomba

é pior que o mate salgado

eu só queria com jujo de laranja

com melzito adocicado

por isso sigo solito

mateando com silêncio

o verde esmeralda jujado

igualzito ao meu lenço

enraizado com meu mate

nesta terra que pertenço

chimarrão é poesia

já dizia o pajador

amargo em lábios de prata

no livro do professor

e acordes de milonga

no coração do cantor

Mateus Fernandes DE SOUZA
Enviado por Mateus Fernandes DE SOUZA em 05/08/2024
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