CHIMARRÃO
a cada mate que cevo
é um tempo bem vivido
um pensamento que levo
a cada gole sorvido
como o jujo de maçanilha
no topete adormecido
na companhia do tempo
enquanto o dia amanhece
espero, matutando a vida
enquanto a água se aquece
até o chiar da chaleira
encerro a matutina prece
o verde da aurora
perdura em minhas mãos
com o calor das águas
tangido de emoções
a cada mate sorvido
jujado de solidões
com receio de um mate frio
ou de um mate bem lavado
enchido pela bomba
é pior que o mate salgado
eu só queria com jujo de laranja
com melzito adocicado
por isso sigo solito
mateando com silêncio
o verde esmeralda jujado
igualzito ao meu lenço
enraizado com meu mate
nesta terra que pertenço
chimarrão é poesia
já dizia o pajador
amargo em lábios de prata
no livro do professor
e acordes de milonga
no coração do cantor