TERNOS DE SÃO CRISPIM
Muitos caminhos andados
Por este mundo de Cristo
Com sorrisos angustiados
E um lacrimar nunca visto.
São Crispim e Crispiniano,
São de há muito venerados
Por todo o império Romano
Muitos caminhos andados.
Irmãos gémeos sapateiros
Curadores, pobres em risco,
Em vielas ou em outeiros
Por este mundo de Cristo.
Sapatos em pés doridos
Por vezes desajustados
Sanguentos e feridos
Com sorrisos angustiados.
Léguas e léguas passadas
Sacrifício, grande registo,
Por caminhos e estradas
E um lacrimar nunca visto.
Não fora uns bons sapatos
Mais rude seria a meta,
Há que haver ousados tratos
Para se ser bom atleta.
É duro, sim, o caminho
Regado a sangue e suor
Sobra, porém, um carinho
Com São Crispim protector.
Há ternos esperançados
Almas, secretos labirintos;
E há corações esvaziados
Em horizontes famintos
Frassino Machado
In “Nas Sendas de Orfeu”