XUCRA SAUDADE
Quantas braças de distancia
Tem esta xucra saudade
De quando lidava com gado
No tempo da mocidade
Do grito do quero quero
Clarinando nas coxilhas
A moçada enforquilhada
Sombre o trono da encilha
Cismaria de campos largos
De grama trevais e alecrim
A potrada pelos varzedos
Amarelando os curumins
A indiada criada no basto
Desde o tempo de guri
Acordando de madrugada
Com o cantar da juriti
Fogo grande no galpão
Antes da hora da encilha
Pingando sobre o brasedo
Um sangrador de novilha
Chinarão, porongo beiçudo
Aquecendo a palma da mão
antigo ritual primitivo
Costume la do rincão
ja vinha o dia no reponte culatreando a noite escura Destapando as molduras
Sobre a anca do horizonte Num lusco fusco madruga
Um alvorecer colorado Ganha molduras de aurora Sobre a silhueta do gado
Lampeja raios dourados No trinitra das chilenas De prata e aço templado
Alçando a perna no embalo De pronto já enforquilhava Mais um taura farroupilha
Com o pampa na garupa
Sobre o jugo da encilha