XUCRA SAUDADE

Quantas braças de distancia

Tem esta xucra saudade

De quando lidava com gado

No tempo da mocidade

Do grito do quero quero

Clarinando nas coxilhas

A moçada enforquilhada

Sombre o trono da encilha

Cismaria de campos largos

De grama trevais e alecrim

A potrada pelos varzedos

Amarelando os curumins

A indiada criada no basto

Desde o tempo de guri

Acordando de madrugada

Com o cantar da juriti

Fogo grande no galpão

Antes da hora da encilha

Pingando sobre o brasedo

Um sangrador de novilha

Chinarão, porongo beiçudo

Aquecendo a palma da mão

antigo ritual primitivo

Costume la do rincão

ja vinha o dia no reponte culatreando a noite escura Destapando as molduras

Sobre a anca do horizonte Num lusco fusco madruga

Um alvorecer colorado Ganha molduras de aurora Sobre a silhueta do gado

Lampeja raios dourados No trinitra das chilenas De prata e aço templado

Alçando a perna no embalo De pronto já enforquilhava Mais um taura farroupilha

Com o pampa na garupa

Sobre o jugo da encilha

ZECA DIVINO
Enviado por ZECA DIVINO em 26/12/2023
Reeditado em 23/02/2024
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