Sonho de Campeiro
Um dia desses passado
Vi meu mundo de outrora
Galopando a campo fora
No meu cavalo tostado
Aos poucos fui relembrando
O que eu trago em minha mente
Pois eu juro minha gente
Que eu estava sonhando
Eu estava bem pilchado
Num fandango de chão batido
Escutei o alarido
De um vanerão compassado
A gaita velha chorando
Naquele entrevero de china
E quando o coração determina
A gente vai se achegando
O gaiteiro era “dos bom”
Estava todo animado
Quando olhei para o lado
Vi que parou o som
E para meu espanto
Um cuera puxou o facão
E veio na minha direção
Para me encerrar num canto
Aí a coisa ficou feia
E eu fui saindo de lado
E o índio no meu costado
Provocando a peleia
Aí foi um deus-nos-acuda
Os assustados se foram ao mato
Aos gritos e berros de quarenta e quatro
E o chinaredo pedindo ajuda
Analisando a situação
Sozinho, sem amigo
Balancei o perigo
No meio da confusão
Fui saindo despacito
Troquei de braço o meu pala
Naquele zunido de bala
Tive que sair solito
Abaixo de ponta de lança
Naquele perigo medonho
Pois tudo não passou de um sonho...
Eu nem tinha saído da estância.