Sonho de Campeiro

Um dia desses passado

Vi meu mundo de outrora

Galopando a campo fora

No meu cavalo tostado

Aos poucos fui relembrando

O que eu trago em minha mente

Pois eu juro minha gente

Que eu estava sonhando

Eu estava bem pilchado

Num fandango de chão batido

Escutei o alarido

De um vanerão compassado

A gaita velha chorando

Naquele entrevero de china

E quando o coração determina

A gente vai se achegando

O gaiteiro era “dos bom”

Estava todo animado

Quando olhei para o lado

Vi que parou o som

E para meu espanto

Um cuera puxou o facão

E veio na minha direção

Para me encerrar num canto

Aí a coisa ficou feia

E eu fui saindo de lado

E o índio no meu costado

Provocando a peleia

Aí foi um deus-nos-acuda

Os assustados se foram ao mato

Aos gritos e berros de quarenta e quatro

E o chinaredo pedindo ajuda

Analisando a situação

Sozinho, sem amigo

Balancei o perigo

No meio da confusão

Fui saindo despacito

Troquei de braço o meu pala

Naquele zunido de bala

Tive que sair solito

Abaixo de ponta de lança

Naquele perigo medonho

Pois tudo não passou de um sonho...

Eu nem tinha saído da estância.

José Antunes da Silva Sobrinho
Enviado por José Antunes da Silva Sobrinho em 25/11/2007
Código do texto: T752617