Um Casamento
João apaixonado cata flor num cercado.
Banhado, arrumado, à moda roceira,
Calça meio curta, botina, camisa xadrez.
Caminha capenga, o calo incomoda...
Maria, lá na fazenda, prova refazenda,
Era véu de renda, grinalda curta,
Das pintas a face se faz mais bela,
Suspira ao olhar pela janela...
Rebuliço na casa grande,
O fogão tá alucinado,
É quentão, paçoca, cuscuz,
Até café bem quente no boião...
Planta poste aqui e acolá,
Cobrindo de luz o gramado,
Um altar enfeitado,
O padre olha o relógio preocupado,
Tá de olho na festa com seu respaldo...
Antônio, pai da noiva, lubrifica a garrucha,
- Ah! “Se tu num casá” faz pontaria no moirão...
Com um sinal os tocadores metem dedo na viola,
João já esta no altar, Maria sai à porta, toda bela.
Ato consumado a festa é o convite,
Comanda Antônio, pai da noiva,
E gira para a direita, passa por cima os homi,
Por baixo as muié, dá meia volta pra direita...
Volta e meia pra esquerda...
Assim chega a madrugada no arraia,
Pois festa de roça só acaba
Quando acaba o quentão
João e Maria já fugiram faz tempo..
Canta o galo de cima do moirão...