AI, AS GUALTERIANAS
Quando eu era menino e moço
Às Gualterianas nos levaram
Vimos toda a cidade em alvoroço
Numas Festas que encantaram!
Viemos das bandas de Vizela,
Pela estrada de Nespereira,
E, sempre com muita cautela,
Entrámos pelo Campo da Feira.
Dentro desta cidade benquista –
Guimarães, de cara lavada,
Acolhe a quem vem de visita
Ou a quem vem de caminhada.
Cinco quilómetros a dar-a-dar –
A ninguém mata mas até mói –
E nem dá gosto pra festejar
Quando todo o corpo nos dói.
Mas, sendo pra uma boa causa
Chegar bem já é grande sorte,
São Gualter cura-nos a mossa
E faz-nos a Alma mais forte.
No alto “Aqui nasceu Portugal”…
Oh, tanta gente a cirandar
Desorientados com´ é natural
Com mil barulhos a ribombar.
Ao longe, foguetes a estrelejar,
No coreto ecos de muita garra,
Não sabendo por onde começar,
Marchamos atrás da fanfarra.
E… rua acima, rua abaixo,
Sentindo umas cãibras medonhas,
Com o físico um pouco em baixo
Mas com nossas almas risonhas…
- Olha, já lá vêm os andores,
O maior é o de São Gualter
Tanta gente lançando flores
Vamos para o Toural, se der!
Furámos por entre a multidão,
Onde ninguém conhece ninguém,
E vimos passar toda a procissão
Com os escuteiros de Pevidém.
Desfilaram bombeiros com brio
Tocando suas bandas sem medo
Marchas e hinos ao desafio
Co´ os sinos da igreja de S. Pedro.
Girândolas e fogo rasteiro
Nunca poderemos esquecer
Nem os rosquilhos, a tempo inteiro,
Que foi comer, comer, comer.
Primeiro Dia daquela semana,
Naquele final de tarde risonho,
A grande Marcha Gualteriana
Foi o nosso Teatro de Sonho.
– Ai, Gualterianas, Gualterianas,
Nesta Cidade d´ encantamento,
Pra este mundo d´ almas insanas
Sois sempre o melhor alimento!
Ambiente vistoso admirável –
É Tradição para continuar –
Juntando o útil ao agradável
Vale bem a pena Celebrar.
Festas assim… fazem História
Com alto brilho e qualidade,
Gualterianas de boa memória
Enchem-nos a Alma de Saudade!
Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS