O TROPEIRO
Eu conheci um tropeiro
que a boiada ia levando,
e com aquele dinheiro
a família sustentando.
Em seu cavalo montava
e vinha se despedir,
os seus olhinhos brilhava
sorria até sem sentir.
No campo ele corria
um boi baio desgarrado,
mas nada ele temia o seu pingo colorado.
No rancho quando chegava
eu corria, para abraça-lo,
nervosa eu esperava
que ele desce-se do cavalo.
Da maleita ia tirando
erva e bolacha campeira,
o ponche, faca eu ia pegando
a cuia, a bomba, e a chiculateira.
Mamãe fazia o chimarrão
enquanto eu lhe olhava,
tirando o arreio do campeão
um banho ele lhe dava.
Um dia veio a jamanta
cheinha de boiadeiro,
deu-lhe um nó na garganta
perdeu o emprego o tropeiro.
A jamanta carregada
de boi por ele passou,
uma lagrima amargurada
dos seus olhos derramou.
Desde aquele dia
o mundo para ele acabou,
lembra com tanta agonia
as tropeadas que amou.
Quando ele olha para mim
vejo no seu rosto amigo,
que ele não era assim
naquele tempo antigo.
De orgulho eu encho o peito
tropeiro honesto e sincero,
para mim tu és o primeiro
e te ver um dia eu quero.
De falar em ti sinto prazer
tropeiro, que maravilha,
para o mundo posso dizer
desse gaúcho eu sou filha.
Homenageou o tropeiro
os teus atos de bravura,
para mim tu és o primeiro
querido BOAVENTURA.
HOMENAGEM AO
BOAVENTURA LOPES DOS SANTOS