CHARLA GALPONEIRA
Pelos vazios do galpão
Ecoam os alaridos
A indiada acomoda os cepos
No chão de cupim batido
Dedilha o pinho um torena
Relata fatos da vida
As labaredas alumian
Sembrantes de pele curtida
A fumaça se alastra
Entre os caibros do galpão
Tingindo de picumã
Pelas fagulhas do fogão
Se entretendo a peonada
Pelas charla galponeiras
Vai proseando nos acordes
Um milongão de fronteira
Recordações e saudades
De passagem ja vividas
Dos amores e percantas
Tantas ganhas e perdidas
Quando o sono negaceia
Convidando pro sossego
Sobra um catre despilchado
Pra estender os pegos
Aos pouco o alarido se cala
Sobe o breu da escorridão
A passarada ja aninhada
Pelos beirais do galpão
O sombreiro preto da noite
Da guarida a vida animal
Os grilos retinam cantos
Quebrando a solidão local
Canta um galo atora a noite
Já amiudando a clarinada
No rasto da madrugada
O dia ja vem tropereando
Culatreando a escuridão
Nas róseas seda da aurora
Aponta um sol maragato
Sangrado pelo garrão