O PLANETA DO CARNAVAL
Balançando por toda a terra
Num louco ritmo infernal
Vai entre a paz e a guerra
O Planeta do Carnaval!
Num estranho corso dançando
Onde toda a gente se encerra
Vai um sentimento ficando
Balançando por toda a terra.
Entre risos e gargalhadas
Todos se agitam bem ou mal
Corre todo o mundo as estradas
Num ritmo louco infernal.
Pode haver fome ou sede a mais,
Da folia ninguém descerra,
O mais trágico dos sinais
Vai entre a paz e a guerra.
O Entrudo anuncia o ócio
E o folguedo vai teatral
Atrai o Poder pro negócio
O Planeta do Carnaval.
A criança, o jovem e o adulto
Até podem ser indigentes
Mas não faltará este culto
Na opacidade das mentes.
Não há cidadãos que resistam
Nem políticos com hombridade
Mas há bons farsantes que ficam
Na orgia de cada cidade.
Há crimes, há roubos e anarquias,
Há poucas escolas e hospitais?
Mas há tantas, tantas histerias
Nos populares Carnavais.
Há falta de bens e dinheiro,
Há falta de justiça e prisões?
Mas há ritual aventureiro
Que dá lucro e muitos milhões.
Desfilam angústias sem-abrigo,
Desfilam vidas despedaçadas?
Mas há quem se ri, que não digo,
Por mordomias malfadadas.
Fala-se de Paraísos fiscais
E há corsos no Parlamento
Assemelham-se a carnavais
E, palavras, leva-as o vento.
Ele há dias, e meses, e anos,
Ele há horas de desarmonia,
Num rosário de desenganos
Choram os rios de poesia…
O Planeta do Carnaval,
Rei Momo desavergonhado,
Tem a máscara angelical,
E ri com lágrimas de Fado.
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA