CAMBONA ENCARVOADA
Cambona encarvoada amiga
Companheira do amargo
Emparceirados no trago a trago
Vamos refletindo sobre a vida
Dos manotaços da lida
Mateando faço inventário
Entre ganhas e perdidas
Vou montando um relicário
As buenas, meio poucas
Las malas, também tem vez
Vou domando essa vida louca
Cabeça erguida com altivez
E no entrevero do pensamento
Enquanto sorvo meu mate
Neste rústico levantamento
Dos meus internos embates
Nessa gaúcha tríplice união
Campeira e rústica harmonia
Eu, a cambona e o chimarrão
Vamos iniciando mais um dia
E vejo, que tu cambona
Comigo muito parece
Eu com as marcas das changas
As tuas do fogo que aquece
Qual as labaredas que te escurecem
Eu também trago minhas marcas
Mas laçaços não me esmorecem
Pois sou como meus patriarcas
Que habitaram estes pagos
Sofreram seus cimbronaços
Sorveram contigo amargos
E nunca frouxaram o braço