SANTO ANTONINHO
“Florinhas da juventude”
Sto. António, Sto. Antoninho,
Eu não te sabia finório
Pão com sardinhas e vinho
Levavas do refeitório.
No convento eras Fernando
Vinhas pra rua com vinho
Co´ os amigos, feito malandro,
Sto. António, Sto. Antoninho.
Dinheiro não o havia,
Metias-te num peditório
E de quantia em quantia
Eu não te sabia finório.
Depois ficavas alegrote:
Com um simples tostãozinho
Embrulhavas num pacote
Pão com sardinhas e vinho.
Guardião por ti passando
Com uma cara de velório
Adivinhou, magicando:
Que levavas do refeitório.
E tu não te descoseste
Abriste o teu burel rico:
“São pãezinhos- logo disseste -
E uma aguita pro manjerico”.
- “Naquele saqueta velha,
Cheira-me a sardinhas e pão
Se m´ enganas com a botelha
Já me não escapas da mão”.
- “Não há crise, ó frei Abade,
O vinho não há-de faltar
E eu não fugi à verdade
Que a água é p´ ra se lavar.
- Já agora, vinde daí também,
Que isto é tudo malta fixe,
Damo-nos todos muito bem
E o Ofício que se lixe …”
- “Vá, por hoje fica assim,
Também quero uma sardinha,
Que é que m´ importa a mim
Se tu andas nesta vidinha!”
E assim, com estas florinhas,
Seja lenda ou invenção,
Os teus pães e as sardinhas
Estão vivos na tradição.
E tu, com a tua calma,
Como filho do povinho,
Assumiste de corpo e alma
O nome de frei Antoninho.
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA