BOIEIRO
chó égua que vida braba
As madrugadas de agosto
O fio afiado do vento
Cortando soprando o rosto
O pampa e todo silencio
Serenado e tordilho
A peonada entanguida
Enganchada no lombilho
sol brasino mete a cara
Luzindo no aço da espora
Retratando as auroras
Nos flécos do tirador
E fio afiado do vento
enruga a face da cara
o geadeiro se debruça
no capinzal campo afora
o gado sobre a revesa
capão de mato fechado
na canhada da cochilha
entre a sanga e lajeado
não se entra a cavalo
nem de corpo curvado
so quem conhece a lida
pra dar conta do recado
assobio pra cachorrada
se alerta os ovelheiros
toca toca pega pega
ordena vai la parceiros
a gadaria deixa o mato
Seguindo o rito campeiro
Vinga o costumes crioulos
Da tradição dos boieiros
Canta pampa em poema
E parte de nossa saga
Bota lenço e bombachas
Chapéu grande abas larga
tirador couro de pardo
preso na altura da ilharga
Cinturão fivela de prata
adornado pela adaga
o legado de peão
Não me afasta dos arreios
pés no sustento dos estivo
pingo resmoendo o freio
Por favor, não leve a mal.
O jeito rude que falo
Sempre haverá campeiros
Enquanto égua parir cavalo