BOIEIRO

chó égua que vida braba

As madrugadas de agosto

O fio afiado do vento

Cortando soprando o rosto

O pampa e todo silencio

Serenado e tordilho

A peonada entanguida

Enganchada no lombilho

sol brasino mete a cara

Luzindo no aço da espora

Retratando as auroras

Nos flécos do tirador

E fio afiado do vento

enruga a face da cara

o geadeiro se debruça

no capinzal campo afora

o gado sobre a revesa

capão de mato fechado

na canhada da cochilha

entre a sanga e lajeado

não se entra a cavalo

nem de corpo curvado

so quem conhece a lida

pra dar conta do recado

assobio pra cachorrada

se alerta os ovelheiros

toca toca pega pega

ordena vai la parceiros

a gadaria deixa o mato

Seguindo o rito campeiro

Vinga o costumes crioulos

Da tradição dos boieiros

Canta pampa em poema

E parte de nossa saga

Bota lenço e bombachas

Chapéu grande abas larga

tirador couro de pardo

preso na altura da ilharga

Cinturão fivela de prata

adornado pela adaga

o legado de peão

Não me afasta dos arreios

pés no sustento dos estivo

pingo resmoendo o freio

Por favor, não leve a mal.

O jeito rude que falo

Sempre haverá campeiros

Enquanto égua parir cavalo

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 30/05/2016
Reeditado em 30/05/2016
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