CONTRABANDO

Trago em meus peçuelos

Um resto de contrabando

Pelos lugares que eu ando

Cruzo fronteiras negociando

perfume e água de cheiro

E flor de quinquilharia

A mala cheia de vaidades

Pra enfeitar as gurias

Carrego atada nos tentos

Minha guitarra parceira

Como documento e passaporte

Para atravessar a fronteira

Uma milonguita castelhana

Cria da boa terra lindeira

Ao cruzar a velha santana

Em direção Riviera

Apeio na costumeira bodega

Pra uma garrafa de vinho

Entre um gole e outro

Proseando com d. Martinho

Faço os peçuelos forrados

Me estribo no meu cavalo

Dou de rédeas a meu estado

Me arrisco no contrabando

Pro ganho dos meus trocados

Assim vou tocando a vida

Sobre o basto de meu mouro

Vez em quando arrisco o coro

Em alguma embretada feia

Mas como diz o velho ditado

Não ta morto quem peleia

E um costeiro que se preza

Nas quarteadas não se enlheia

Ao tranco lerdo do mouro

As vezes fico me ajuizando

Vou deixar do contrabando

Não e labuta pra um vivente

Muy chegadas e partidas

duas pátrias dois dinheiro

Pai brasil mãe castelhana

E um legado de fronteiro

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 16/01/2016
Reeditado em 16/01/2016
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