CONTRABANDO
Trago em meus peçuelos
Um resto de contrabando
Pelos lugares que eu ando
Cruzo fronteiras negociando
perfume e água de cheiro
E flor de quinquilharia
A mala cheia de vaidades
Pra enfeitar as gurias
Carrego atada nos tentos
Minha guitarra parceira
Como documento e passaporte
Para atravessar a fronteira
Uma milonguita castelhana
Cria da boa terra lindeira
Ao cruzar a velha santana
Em direção Riviera
Apeio na costumeira bodega
Pra uma garrafa de vinho
Entre um gole e outro
Proseando com d. Martinho
Faço os peçuelos forrados
Me estribo no meu cavalo
Dou de rédeas a meu estado
Me arrisco no contrabando
Pro ganho dos meus trocados
Assim vou tocando a vida
Sobre o basto de meu mouro
Vez em quando arrisco o coro
Em alguma embretada feia
Mas como diz o velho ditado
Não ta morto quem peleia
E um costeiro que se preza
Nas quarteadas não se enlheia
Ao tranco lerdo do mouro
As vezes fico me ajuizando
Vou deixar do contrabando
Não e labuta pra um vivente
Muy chegadas e partidas
duas pátrias dois dinheiro
Pai brasil mãe castelhana
E um legado de fronteiro