BAIO VEIO

Sai cedo pra buscar meu baio

Era uma manhã de domingo

Campeei sanga,várzeas,restinga

E nada de encontrar meu pingo

Ate que tive a sorte infame

De encontrar meu baio morto

Enrolado na cerca arame

Baio veio companheiro

De andanças e tropeadas

De repontar, trompar boi

Nos fundão das invernadas

Seu corpo queto na inercia

Igual possa d'água parada

Ali estendido meu baio veio

Parceiro das campereadas

Assim vem da terra, retorna

De uma forma ou de outra

E como determina o ciclo

Da nossa natureza potra

E a terra segue seu curso

Se pinta em céu de janeiro

Nuvens cinza cor de chumbo

Anunciando o aguaceiro

Deságua em chuva pesada

Parece o céu lagrimar comigo

Lavando a alma e a tristeza

Da morte do pingo amigo

Homem,cavalos,iguais gêmeos

Como elos de vidas e pampa

Raiz e cepa do mesmo cerne

Figuras da mesma estampa

Baio veio que carregava

Este meu corpo cansado

Pelas lides costumeiras

E a o bolicho do povoado

Pra um trago de canha

Ou uma caneca de vinho

Nas horas intranquilas da vida

Que me encontrava sozinho

Em noites de lua cheia

A meia luz da escorridão

Vejo a figura de meu baio

A galopar na imensidão

Talvez seja uma crença atoa

De alma,mente e coração

coisas de céu e campo

Pra um consolo de peão

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 28/12/2015
Reeditado em 17/05/2016
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