BAIO VEIO
Sai cedo pra buscar meu baio
Era uma manhã de domingo
Campeei sanga,várzeas,restinga
E nada de encontrar meu pingo
Ate que tive a sorte infame
De encontrar meu baio morto
Enrolado na cerca arame
Baio veio companheiro
De andanças e tropeadas
De repontar, trompar boi
Nos fundão das invernadas
Seu corpo queto na inercia
Igual possa d'água parada
Ali estendido meu baio veio
Parceiro das campereadas
Assim vem da terra, retorna
De uma forma ou de outra
E como determina o ciclo
Da nossa natureza potra
E a terra segue seu curso
Se pinta em céu de janeiro
Nuvens cinza cor de chumbo
Anunciando o aguaceiro
Deságua em chuva pesada
Parece o céu lagrimar comigo
Lavando a alma e a tristeza
Da morte do pingo amigo
Homem,cavalos,iguais gêmeos
Como elos de vidas e pampa
Raiz e cepa do mesmo cerne
Figuras da mesma estampa
Baio veio que carregava
Este meu corpo cansado
Pelas lides costumeiras
E a o bolicho do povoado
Pra um trago de canha
Ou uma caneca de vinho
Nas horas intranquilas da vida
Que me encontrava sozinho
Em noites de lua cheia
A meia luz da escorridão
Vejo a figura de meu baio
A galopar na imensidão
Talvez seja uma crença atoa
De alma,mente e coração
coisas de céu e campo
Pra um consolo de peão