A TARDE EMPONCHADA DE LUZ
A tarde emponcha de luz
Molduras e pergaminhos
Encarna a baeta do pocho
A lonjuras dos caminhos
Poesia de terra e campo
Luzeiro em céu de pitanga
O brilho dos olhos da linda
enchergo na água da sanga
O flete a compasso de orelhas
arisco atirando o freio
Parecendo ate adivinhar
Que iria posar em outro rodeio
Meus pensamentos vagueiam
Somando meus desassossegos
Dos amores extraviados
Onde estendi meus pelegos
A lua também me segue
com um murmurio de vento
E o sereno das madrugadas
De noites dormidas ao relento
De um viver a moda antiga
Onde os bastos era o sustento
Levando uma vida gauderia
E a querencia atada nos tentos
Tinir de espora rincho de potro
Tropeando galguei distancias
Mesclei poeira a suor de cavalo
Cheiro de pasto sabor de estancia
Rigor do minuano berro de gado
Sonhos guardados olhar de sanga
Apeio da encilha segredos dormidos
Pra um dedilhar de milongas