SINFONIA INACABADA

No momento, ardo-me em brenha,
sem me caber mais destroços, nem dores,
nem vazias e inspiradoras
prisões.

à lama ou à tona
há que ser dado novamente,
a seu tempo, um novo grito:

um grito a rasgar a seca vastidão,
um estúpido grito por algum anjo branco
ou por alguma larva obscena

[ou por qualquer coisa,
viva ou morta, possível ou impossível,
que me alivie da extremidade
da corda].

Um novo grito de liberdade
e de esperança às ilusões e aos leitos
da variabilidade humana

sobre cujo porvir
sopram prenunciadores ventos contrafeitos,
a carregarem outro grito, de vital
insanidade,

– umidamente encharcado
a meias nuvens e meios chãos, a meias luzes
e meias escuridões, a meias asas
poeiras, ossos e ondulações –

de um homem perdido
e inexoravelmente envergado
com seus íntimos reflexos a refratarem aflitas luzes
e se esvaindo às retesadas sombras.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 21/12/2015
Código do texto: T5486874
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.