RITUAL DA GADARIA

LETRA: JÁ MUSICADA

Aponta a faca carneadeira

Parte ao meio o coração

Quando o laço engole as aspas

Outro boleia o garão

O sangue morno jorrando

Da rés que lutando em vão

Ve o rasgo da artéria sangrando

Encharca o capim do chão

Sente a vida indo embora

Frente a morte a impotência

Nas mansas pupilas embaçada

Vai encurtando a querencia

Não ha quem não se renda

A este eterno ritual

No refolho da ama humana

A carniça e sempre igual

Alastra-se a barbara fragrância

A gadaria fareja a distancia

O cheiro copioso da morte

Sacrifício sangrento das estancia

Quebra o silencio dos campos

Mugindo roucamente um touro

Principia o selvagem cortejo

Rompe o gado em triste coro

La onde as rezes se reúnem

Sinal de luto em solene funeral

Escavam terra cheirando sangue

Em selvagem cerimonia animal

O mugido entristecido do gado

Recita sagrado ritual de agonia

Sobre a desumana campa colorada

Num lamento chorando a sangria

RECITADO

A suplica do altar dos campos

Propaga-se ate a noite apagar o dia

Vertem lagrimas de desalento

Desconsolado segue a gadaria

Uma a um se afastam lentamente

Focinho gacho narina ofegantes

Abandonam o local emudecidos

Em referencia a seus semelhantes