JOÃO GAUDÊNCIO
Velho Tropeiro
Emponchado de silencio
Olhos que muito viram
Assim era João Gaudêncio
Ouvidos atento a voz do tempo
Conhecedor da lida
Cuidar do gado, foi tudo
Que aprendeu na vida
Quase um seculo
Vivendo nessas andanças
Punge-me a alma
No instante da lembrança
Hora em que a terra
Em luz e banhada
Estreita em meu peito
A distancia das estradas
Quando a paisagem polvilha
De bronze e ouro
Murmuram as fontes
Saltitam o passaredo
Cantando em coro
Na copa dos arvoredos
Nas joão não se achegou
Para matear hoje cedo
Deus tinha pra ele outro plano
No cepo vazio, o pelego dobrado
O borralho, o frio do fogão apagado
Até nos olhos negros do cusco
Via-se tristeza e saudades
João pra sempre partiu
O bom deus o levou pra camperear
Lá na estancia grande da eternidade