ADEUS VELHA ESTANCIA
O VELHO PONCHO SURRADO
JUNTO A ENCILHA EMALADA
O PATRÃO VENDEU A ESTANCIA
DEU AS CONTAS PRA PEONADA
AS GARRAS SOBRE OS OMBROS
TOMEI O RUMO DA ESTRADA
MEUS OLHOS DE CÉU E CAMPO
QUASE NÃO ENXERGAVA NADA
LAGRIMAS BANHAVA O ROSTO
DEIXANDO A VELHA MORADA
TERRA CÉU E NATUREZA
LUGAR DE BOAS AGUADAS
DESDE O TEMPO DE PIAZITO
APRENDI LIDAR COM GADO
CISMARIAS,CAMPO ABERTO
SEM TAPUMES E ALAMBRADOS
ADEUS GALPÃO CAMPEIRO
MINHA QUERIDA MORADIA
ADEUS INVERNADA GRANDE
TÃO SOLITÁRIA VAZIA
POR ONDE PASTAVA O GADO
E RETOSAVAM AS TROPILHAS
NASCIAM BELOS CORDEIROS
QUE ALVEJAVAM AS COXILHAS
MANADAS DE BONS CRIOULOS
QUE DAVAM PINGOS PRA ENCILHA
ASSIM ERA A ESTANCIA VELHA
QUE UM DIA FOI MARAVILHA
E PELO CAPRICHO DAS ERAS
QUE O TEMPO NUNCA PERDOA
FICOU RUÍNAS TAPERA
A FECUNDA TERRA TÃO BOA
ADEUS ANTIGA MORADA
QUE AOS POUCO FOI ESQUECIDA
O OITÃO JA DESCARNADO
MADEIRAME APODRECIDA
PELAS GOTEIRAS DO TEMPO
TESTEMUNHANDO ABANDONO
DE UM PASSADO DE BONANÇA
DO PATRÃO ANTIGO DONO
ADEUS MINHA VELHA ESTANCIA
ONDE PLANTEI ESPERANÇA
ADEUS MENINAS DOS OLHOS
DO MEU TEMPO DE CRIANÇA
DO MEU CAVALO DE TAQUARA
ANTES DA BARBA DE MOÇO
QUE BRINQUEI DE FAZ DE CONTA
TROPEANDO GADO DE OSSO