PAMPEANDO

PAMPEANDO

Pelos pagos do Rio Grande
aonde o céu é mais azul
a liberdade se expande
e não há quem me comande
campeio de norte a sul

Com meu poncho companheiro
e meu pingo, meu irmão,
entre as flexilhas, altaneiro
sou gaudério sou campeiro,
encilhado em minha emoção.

O meu chima me aquece
no meio da invernada,
quando enfim anoitece,
-é hora duma boa mateada-
nessa hora a dor se esquece.

Minha prenda, que maravilha,
me espera mais além
sabe que coração farroupilha
é livre e não se encilha
mas sabe muito querer bem

E no aconchego do galpão
com amigos de valor
partilhamos o fogo de chão
o gaiteiro toca uma canção
uma vanera que fala de amor

E assim cruzamos os pagos
desta terra tão adorada
nos bolichos tomando tragos
do Rio Grande aquerenciados,
sonhando os olhos de nossa amada.

Prenda minha, prenda minha,
senhora dos olhos meus,
me espere, que a noitinha,
te lerei, linha por linha,
poesia que Deus me escreveu.