FESTAS POPULARES
“Réplica a Abel Cunha”
Abel Cunha:
“Mês de junho, mês de junho,
Mês febril de inspiração
Voam versos sem rascunho
Em louvor de São João.
Também eu te quis cantar
Assim sem mais nem porquê
Deitei uma quadra ao ar
Subiu tanto - nem se vê.”
Frassino Machado:
Mês de junho, mês de junho,
Inspiração pandemónio,
Há versos em cada punho
Em louvor de Santo António.
Há sempre enorme razão
Valendo a pena cantar,
Dá alegria e emoção
E faz a alma aliviar.
Tantas e tantas maneiras
Fazem jus a esta aposta
Dão prazer as brincadeiras
E delas toda a gente gosta.
Seja no Porto ou Lisboa,
São João ou Santo António,
As Festas são coisa boa
E são do povo património.
Quer haja quadras ou trovas,
Delas vive a animação,
As quadras, embora novas,
Não ganham às trovas, não.
A quadra quando bem feita
Não tem espaço nem medida
Toda a quadra está sujeita
Ao peso que tem na vida.
Balões são sempre balões
Por vezes não dão sossego
Distraem-se os foliões
E abrem a boca ao patego.
Uma quadra, não é balão,
Se é boa ninguém despreza
Faz das tripas coração
E vale mesmo quanto pesa.
São Pedro anda entretido
A tratar d´alguns entraves
Mas a ele tudo é devido
Porque tem na mão as chaves.
Venham Festas Populares,
Porros, majericos, sardinhas,
Marchas, danças e cantares
E poesias com modinhas.
Elas fazem espairecer
Os quotidianos deslizes,
E são lenitivos, a valer,
Pra certas neuras e crises.
Não nos falem de surpresas
Para as Festas animar;
Esqueçam todas as despesas
Que o Povo sabe festejar!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA