CILA
Disse que foste tal ninfa, banhada em beleza e orgulho,
E do amor de Glauco não teve pena ou apreço,
Enquanto ele desmembrava o mar em desespero!
Ó Cila maldita! Tem de um coração para se alimentar?
Na ilha de Circe, o monstro foi buscar alguma ajuda,
Desfigurado, cansado, esfinge torta dos pés ao pescoço,
A feiticeira, ao contrario de ti, o adorou, amava o tolo!
Ó Cila maldita! Teve na fronte o ciume e a inveja aguda?
Sem a aprovação do seu deus aleijado,
A bruxa ociosa buscou as armas em seus venenos,
Sabendo que se banhavas em tua luxuosa piscina!
Ó Cila maldita! Gostou da porção posta em teu corpo?
Desde esse episódio tornou-se semelhante ao seu adorador,
E, com arrependimento foi até ele se humilhar,
Mas, o deformado Glauco, perdeu por ti a admiração!
Ó Cila maldita! No que mais odiava foi se transformar?
Tua fronte que antes era soberba e indiferente,
Então se apavorou por entre o medo e a raiva,
Os mortais, que te enamorava, fugiam rapidamente!
Ó Cila maldita! Tudo, para tua presença, agora faltava?
Porquanto seu corpo, outrora sagrado,
Eclodiu em várias bestas à sair do abdômen:
Seis serpentes asquerosas e doze cães raivosos!
Ó Cila maldita! Quanto pranto caiu dos teus olhos?
Arruinada, humilhada, fugiu para Messina,
E num estreito maldito foi exercitar o ódio,
Portanto, é agora uma maldita assassina!
Ó Cila maldita! De uma só vez devorou seis marinheiros!