RONDA DE VERSOS
Ronda Crioula Farroupilha
“chama" do pago orgulhoso,
um vergel lindo e garboso
incipiente, ainda menino,
moldado pelo destino
o de expandir sua cultura,
no início da partitura
atávico som combino.
A Tertúlia Nativista
mostrando nosso Rio Grande,
o meu orgulho se expande
na confluência do tema,
levando adiante meu lema:
VACARIANO EM QUALQUER CHÂO,
dou ao peito toda evasão
libertando este meu poema...
Feira Gaúcha Agro-pecuária
e Industrial aqui no Rio,
trás junto com o assobio
nosso minuano viril,
mostrando grandezas mil
do meu Rio Grande selvagem,
dando assim amostragem
das vivências do Brasil.
E nossa história onde fica
neste momento de festa,
onde meu "ego" manifesta
mesmo longe da Querência,
(brotando assim com eloquência
da embriologia do pampa),
na coragem que me estampa
a mais pura e crioula essência.
São dois tauras, dois gigantes,
dois grandiosos estados;
UM: o Rio Grande montado
senhor dos bastos, de si;
OUTRO: o Rio com frenesi
dono do Samba de Enredo,
parece guardar segredo
de como sambar por ai.
UM: o Rio Grande letrado
de grandiosos festivais,
expandindo mais e mais
nos acordes, sua cultura;
OUTRO, berço de candura,
Marquesas, Imperadores,
Sambistas, Trabalhadores,
esteios da Pátria futura...
Dois Estados, duas culturas,
de extremos bem parecidos,
que vivem enternecidos
por costumes, tradições,
crendices, assombrações,
despachos em cruzamentos,
buscam melhores momentos
pra dar paz aos corações.
Deem-me licença que explico
as cousas de minha terra:
é lá onde o touro berra
extrapolando fronteiras,
velhas Rondas Galponeiras
nascidas nas tradições,
as primeiras gerações
da raça sul-brasileira.
TROVA: desafio de tauras
cantando sobre algum tema,
cada qual tem o seu lema
desafiador, empinado,
puxando para seu lado
com variado repertório,
para ganhar o auditório
derrotando o desafiado.
CANÇÃO GAUCHESCA: embalada
na melodia do cantor,
que exaltará com calor
as coisas do seu rincão,
saudades da boa ilusão
da amada que está distante,
agora reza bastante
com mágoas no coração.
SOLO DE ACORDEON: floreado,
suspirando compassado,
que quando é bem dedilhado
na magia imortal dos dedos,
vai rebuscando segredos
lá dos cafundós da alma,
com doída e estranha
calma vaticinando os enredos...
GAITA A PONTO: pingo bravio,
com momentos de candura,
tocada sem partitura
mas com cheiro de rincão,
mesmo que fogo de chão
transmitindo pro esquentado
o calor de seu passado
aceso na Tradição.
DECLAMAÇÃO: seja prenda,
peão, tentam transmitir
na interpretação, o sentir
alegrias e dissabores,
que vêm da alma dos autores
com muito desembaraço,
na dominância do espaço
demonstrando seus valores...
POESIA: a rima e a exaltação
do tema pelo escritor,
procurando dar valor
com as palavras variadas,
muitas delas, rebuscadas,
em momentos de pesquisas,
que no fim, mais valoriza
muitas horas trabalhadas.
CHULA: sapateio vibrante,
pela arte dos chuleadores,
que lutando opositores,
as vezes por causas justa,
e que quase sempre assusta
a própria china disputada,
deixando-a encabulada
ante a peleia tão robusta.
MENTIRA: um concurso sábio
onde ganha o mentiroso,
o que for mais jeitoso
na maneira de contar,
o que melhor enrolar
na rede do palavreado,
o que for mais apoiado
pela mesa que julgar.
Para a MAIS PRENDADA PRENDA
FARRAPA RIO OITENTA E QUATRO:
rebuscará na beleza
a sabedoria gaudéria,
os causos da Sia Quitéria
contará em verso ou prosa,
qualquer assunto, vaidosa,
da História Gaúcha, séria.
CASAL DE GAÚCHOS MAIS BEM
TRAJADO: dos pés à c'beça,
necessita que apareça
no Concurso, bem pilchado,
representando seu Estado
do Rio Grande imortal,
bravio e descomunal
sempre com garrão fincado.
CHIMARRÃO: a convivência
indescritível na roda,
afeto que não incomoda
no rodízio da amizade,
nos devora de saudade
quando distante, ficamos,
os amigos recordamos
na loucura da cidade...
BARRACAS e COMILÃO,
PRATOS TÍPICOS: iguarias,
de muitas sabedorias
preparadas com candura,
também DESENHO e PINTURA:
TRICÔ, CROCHÊ e BORDADO:
vai buscando lado a lado,
representar com postura.
VOVÔ e VOVÓ FARROUPILHA:
nos levam ao antigamente,
mostrando pra toda gente
costumes do nosso pago,
pela caloria do trago
acompanhado ao mormaço,
dai vem a QUEDA DE BRAÇO:
sem fazer muito estrago.
Campo de São Cristóvão
transformar-se-á no Rio Grande,
todo enfeitado de estande
para o povo poder ver,
o Rio Grande podem crer
amalgamando uma raça,
transformando aquela praça
num Rodeio de Bem Querer.
Tem muito mais o meu pago,
mas, vou ficar por aqui.
É o Rio que conheci
que me deixou espantado,
vem e vai desordenado
que dá beleza à cidade,
do povo, a hospitalidade,
por nosso Cristo abençoado.