Reminiscências do Pago

Recordo-me, com lágrimas nos olhos,

dos bons tempos do velho pago.

Frio de renguear cusco, o chimarrão,

fogo de chão e o aconchego do rancho.

Coisas que ficaram na memória,

causos, adágios, um pouco de história

as lidas no campo, o potro matreiro

e o meu velho cão perdigueiro.

Este, meio surdo, tava sempre distante,

Mas na hora do pega-pra-capá...

Lá estava ele, faceiro e empertigado,

reforçando o mui acertado ditado,

"Se não parece com o dono, é roubado!"

A gaita ponto atirada no canto,

meio desbotada, mas sempre a jeito,

pronta pra florear uma vanera,

uma milonga ou até um chamamé.

O petiço, resfolegando, mas encilhado,

louco pra trotear, buscar algum redomão

embrenhado num capão da coxilha!

E aquela morena faceira, formosa,

que sempre me despertou o instinto...

Bem, hoje me faz companhia,

alegra o que resta do meu viver

e adorna minhas reminiscências!

Mallmith
Enviado por Mallmith em 16/05/2007
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