Reminiscências do Pago
Recordo-me, com lágrimas nos olhos,
dos bons tempos do velho pago.
Frio de renguear cusco, o chimarrão,
fogo de chão e o aconchego do rancho.
Coisas que ficaram na memória,
causos, adágios, um pouco de história
as lidas no campo, o potro matreiro
e o meu velho cão perdigueiro.
Este, meio surdo, tava sempre distante,
Mas na hora do pega-pra-capá...
Lá estava ele, faceiro e empertigado,
reforçando o mui acertado ditado,
"Se não parece com o dono, é roubado!"
A gaita ponto atirada no canto,
meio desbotada, mas sempre a jeito,
pronta pra florear uma vanera,
uma milonga ou até um chamamé.
O petiço, resfolegando, mas encilhado,
louco pra trotear, buscar algum redomão
embrenhado num capão da coxilha!
E aquela morena faceira, formosa,
que sempre me despertou o instinto...
Bem, hoje me faz companhia,
alegra o que resta do meu viver
e adorna minhas reminiscências!