Coplas pra quem ficou pelas janelas

Nasceu da luz que vinha etérea

Moldada a paciência e tempo

Nas amplidão de campo

Que agora ando solito

Levo os olhos pelos infinitos

De sorrisos ... Olhos limpos

Quando recosto a cambona

Longe cuido pelo portal

Vejo ao longe o serenal,

Buscando a palavra certa

Que minha alma se desperta

Nas cruzes e nas flores do tremendal...

Via nos meus olhos de criança

Alguma luz que se perdeu,

E pelo mundo se emudeceu...

Busquei longe de casa

Quando bati casos e abria asas

De ponchos, pegando com a mão o céu..

Nas esperas as voltas de um fogo

Mate e coplas cismadas e, moldadas

Guardando lembranças nas ramadas...

Que molhadas pela chuva do dia

Sorve pelo gosto da uva em porfia

As lembranças mais enluaradas...

De quando os pingos se vinham

Batendo estribos pelos caminhos...

Que agora, longe sigo sozinho...

Assombrando os pesares que tenho

Nunca se esquecendo de onde venho

Botando a vida nos trilhos, sem ninho...

Boto a alma impressa pelas cruzes

Levando nos aboios de potros, a vida.

Que inerte sente as tantas partidas.

Quando via pela porta das casas

Os olhares pra quem, ganhava asas

De ponchos negros nas idas e vindas....

Florões de prata e de potros maulas

Ganhei... firmando o corpo sob eles .

Mas pelas casas nas rezas, pra estes

Que tentei a sorte não rodasse

E pelas puas sempre firme, ficasse...

Pelos olhos que assim me veres...

Nas casas não parei sempre andei...

Seguindo as cismas do tempo,

Abrindo nos seios dos campos

Rastros de vida, por minha alma.

Levando nas partidas em calma

Pra cuidava o corredor, vazio....

Voltei e tantas vezes parti madrugada

Adentro com guitarra e canto.

Desdobrando potros e pelo manto

De minha alma, que seguia em porfia.

E as vezes quando clareava o dia

Voltava, esvoaçando lenços, no vento.

Quantas foram as partidas, que via

Da estrada alguém por de tras das cortinas

Pedindo pra que fosse e voltasse na sina

De andar sob as cruzes dos meus bastos.

Levando a vida deixando os meus rastros

Cumprindo a lida sob com as mãos firme nas crinas ...

Hoje nessa tarde, que vendo as estrelas

Pelas mesma porta, o mesmo corredor.

Cuido ao longe agora, na reza de fiador.

Moldando a alma recordando firme a vida

Sem ter muitas de outras partidas

Com essa reza para os olhos em flor....

Volto agora ao tempo, nos templos

Santos e sacros, buscando assim...

Alguma copla que traga a min

Um caminho que me trouxe aqui

Lembrando quieto, quando sai...

No horizonte buscando no sem fim...

Agora calado, mirando pela janela

A imagem parada, buscando na guitarra.

Um canto pra alma sem amarras

Deixando aos olhos do coração

Coplas e rezas pelos galpão, nessa amplidão

Que ando abrindo rastros de puas na terra.

Ginete
Enviado por Ginete em 07/06/2014
Código do texto: T4836047
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