MATEADOR SOLITÁRIO

Matear solito é brabo!

Pior é matear com a ausência

De quem já não volta mais...

Que apego bem danado!

Para quem passar a cuia

Se o chimarrão foi feito

Pra rimar com comunhão?

Meu peito grita: - Saudade!

E arrucinando as carências

Tiro o chapéu e me ajoelho

Voltando o rosto pra riba

Para pedir um consolo,

Ver se o Patrão me atende

E mostra teu rosto pra mim!

Saudade é muito pouco

Para dizer o que sinto!

Que apego bem danado!

Mas, como não se apegar

Se, ajojados, vivemos

Na comunhão de uma cuia,

Na encilha dum chimarrão!

Matear solito é brabo!

O chimarrão fica longo,

Tão grande quanto a ausência,

Tão longo feito a saudade.

Para quem passar a cuia,

Com quem posso chimarrear,

Se você não volta mais?

Talvez um dia lá em cima,

Nem sei se eu vou pra lá

Mas, se a gente se encontrar,

O que quero por demais!

Não vou chimarrear solito.

Cuida bem desta querência

E me espera, Gabriel!

Dilson Gimba, em: “Rancho da Estalagem” – 10/04/20114

Dilson Gimba
Enviado por Dilson Gimba em 12/04/2014
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