O TREM DA VIDA

O trem caminha,

Caminha o trem

Vai caminhando

Pelos trilhos atado

Vai cada vez mais apressado,

Caminha o trem vai caminhando,

Dentro dele, tudo segue calado

Vales e montanhas vão passando,

Campos e casas pequeninas

Nos seios da terra descobertos

Uma semente germina

Caminha o trem,

Vai caminhando

Vai lampeiro,

Vai passando pelos prados,

Segue célere,

Convencido e altaneiro

O trem parece uma centopeia

Vai levando toda gente,

Leva loas e incertezas,

Indiferenças e tristezas

As esperanças na boleia

Esse é o destino do trem

Ser sempre expedito

E diligente,

O trem é amigo do vento,

Porque será que o trem não tem catavento?

Sei lá ..

Agora ele passa pelo ingazeiro

Alguém sacode a mão

O trem cruza a estrada,

Mata burro, passarada,

Vê-se uma capivara ensanguentada

Nas mãos de um caçador,

O trem cruza a pontes e o poentes

O trem é um cruzador

De destinos e caminhos

Cruza também, os destinos do homem

E os passos do seu amor

Agora ele para, fumegante, na estação

Gente alvoroçada, apressa-se

Todos procuram um lugar,

O trem não para de apitar

Quer seguir o seu destino

Que é somente ir e voltar.

O trem sai de novo

Levando a todos,

O trem é democrático

Leva prostitutas

Senhoras bem vestidas,

Homens sisudos,

Mal humorados

Antipáticos

No trem não se pede documento

O trem corta manhãs ensolaradas,

Do avião se vê o trem,

Passando ao lado de um rio,

O trem vai em disparada

Corta boi, corta boiada

Corta o milharal,

Espantando a passarada,

O trem é renitente

Ele é feio, vai uivando, sacudindo,

Seu uivo é consistente,

Alguém acena de fora,

Alguém olha o mundo pela janela ,

Como se olhasse para dentro

Lagrimas são derramadas

Enxugadas com as mãos

O trem é vida,

O trem é dor,

O trem é solidão.

Caminha o trem

Vai caminhando ,

Vai fogoso, assobiando,

Vai gemendo nos trilhos

O trem canta enquanto trabalha,

O trem tem lá seus estribilhos

O barbeiro que usa a navalha,

Para para por um momento

O lenhador derruba a arvore,

Todos olham para o trem

Que passa placidamente,

O trem vai apressado

Vai ligeiro

Vai contente

Para agora em outra estação,

Um mulher levanta a mão,

Traz um sorriso bisonho

A boca entreaberta

Olhos que lacrimejam

Deseja felicidades

A um homem tristonho

Estação,

Onde nascem as desilusões

Berçário dos sonhos!!

Onde a esperança morre

Mas é renovada ,

O trem não tem sentimentos

Ele parte levando tudo

Deixa apenas a solidão

Nos trilhos da estrada

Uma moca soluça

Com a cabeça recostada

Tem dores no coração

Sofre de angústia

Porque seu amor

Não estava na estação

Alguém sorriu,

Na calçada

Um coração se apertou

Uma lagrima caiu,

Alguém ficou ,

Alguém partiu,

êta vida danada !!

O trem não entende

Que cada um é cada

O trem não quer saber ,

Ele quer apenas correr

O trem não se importa com nada

Seja como for,

Tudo cabe no trem,

Que segue incontinenti,

Ele vai partir novamente

E levar o destino

Pra onde?

Sei lá.... é o destino

De cada gente

Você tem um bilhete?

Olhe lá, o trem vai seguir..

Que vais fazer?

Vais ficar?

Ou vais partir?

Você agora é o trem

Sua vida é a sua passagem

Seu destino será buscar a felicidade,

Que segue em outros trilhos

E nem segue nesta viagem

Os sonhos são as estações,

Onde os desejos se encontram,

E o amor está só de passagem.

Os trilhos são os grilhões

Que nos atam,

À vida

Que nos limita a paisagem

A realidade é o bilheteiro sisudo

Que em teus planos interagem

Você.. tem seu bilhete, meu amigo?

Ah..OK...então,

Até mais ver,

Boa sorte

Boa viagem!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 01/05/2007
Reeditado em 12/09/2016
Código do texto: T470879
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.