Gracejos do Coração

Eira que moço atrevido

Que roubou meu coração,

Não é de hoje que ele anda

Rondando este rincão,

Faz poesia reluzente

De longe estendendo a mão.

Chega perto da porteira

Mas não se atreve a apear,

Pois meu pai é muito bravo

E ele pode não gostar.

Fica bombeando de longe

Com receio de chegar.

Mas espere, lhes dou licença,

Apeie e passe pra cá,

Puxe um banco e vá sentando

Um mate vamos tomar,

Diga qual é sua graça,

Não precisa gaguejar,

Sou guapo mas não sou bruto

Fale e eu vou lhe escutar.

Se o desejo é cortejar

A prenda deste rincão,

Vou logo lhe avisando

Vai ter que pedir a mão,

E honrar tua palavra

Diante do sacristão.

Mas se o assunto for político

Já tenho idéia formada,

Não se assuste com o que digo

Mas as coisas tão mudadas,

Bons tempos eram aqueles

Em que um fio de bigode bastava.

Mas agora te olhando de perto,

Já sei qual das opção,

Teu interesse é na prenda

Noto pela expressão.

Ficaste o tempo todo calado

E agora parece corado,

Veja só a situação.

Te concedo a mão da filha,

Com muito amor e ternura

Vais ter que erguer um rancho,

Aqui neste lugarzinho.

Com santa fé e pau-a-pique,

Nada de muito especial,

Apenas o sentimento

Fraterno é fundamental,

Pra manter qualquer ranchinho,

Erguido até o final.

Andrisa Scholz
Enviado por Andrisa Scholz em 11/02/2014
Código do texto: T4687270
Classificação de conteúdo: seguro