Gracejos do Coração
Eira que moço atrevido
Que roubou meu coração,
Não é de hoje que ele anda
Rondando este rincão,
Faz poesia reluzente
De longe estendendo a mão.
Chega perto da porteira
Mas não se atreve a apear,
Pois meu pai é muito bravo
E ele pode não gostar.
Fica bombeando de longe
Com receio de chegar.
Mas espere, lhes dou licença,
Apeie e passe pra cá,
Puxe um banco e vá sentando
Um mate vamos tomar,
Diga qual é sua graça,
Não precisa gaguejar,
Sou guapo mas não sou bruto
Fale e eu vou lhe escutar.
Se o desejo é cortejar
A prenda deste rincão,
Vou logo lhe avisando
Vai ter que pedir a mão,
E honrar tua palavra
Diante do sacristão.
Mas se o assunto for político
Já tenho idéia formada,
Não se assuste com o que digo
Mas as coisas tão mudadas,
Bons tempos eram aqueles
Em que um fio de bigode bastava.
Mas agora te olhando de perto,
Já sei qual das opção,
Teu interesse é na prenda
Noto pela expressão.
Ficaste o tempo todo calado
E agora parece corado,
Veja só a situação.
Te concedo a mão da filha,
Com muito amor e ternura
Vais ter que erguer um rancho,
Aqui neste lugarzinho.
Com santa fé e pau-a-pique,
Nada de muito especial,
Apenas o sentimento
Fraterno é fundamental,
Pra manter qualquer ranchinho,
Erguido até o final.