Vida de Campo
(Andrisa Scholz)
Velha morada,
Ali no pé da serra
A beira da sanga,
Pau a pique e santa fé,
Foi ali que o velho José
Iniciou sua jornada,
Fez caminho ,abriu picada
Fez cerca e até cancela,
Colocou porta e tramela
Fez até uma pinguela
Pra cruzar pro outro lado.
No rancho , fogo de chão,
Picumã e chão batido,
Parece ter se prevenido
Do inverno que chegava.
A noite rasga no céu,
Vento frio na madrugada,
O assovio do minuano
Avisando a gauchada.
Que a geada logo vem,
De mancinho se achegando,
Branqueando a quincha do rancho
Com seu manto reluzente,
Que... parece até transparente,
Como água de cacimba.
E o velho José descansa,
Do trabalho árduo do dia,
Sem perceber que a magia
Da madrugada acontece.
Parece até uma prece,
Uma poesia quem sabe,
Um encontro mui sagrado,
Da noite com o clarear do dia.
E José pouco se importa
Com os acontecimentos,
Faça chuva ou faça vento,
Seja noite ou seja dia,
O que conta é companhia,
e as rimas no pensamento.