A Inveja Parnasiana
Oh! Inveja da impura folha de papel,
Que imita a paixão.
Com que ele, em pó, na alta solidão,
Vira um simples pincel.
Imito todos os poetas,
Mas prefiro a mim mesmo,
Que foge da realidade dos antigos sonetos.
Oh! Papel em que escrevo!
Por isso corro, para escrever
Sobre qualquer papel
Com a caneta do saber,
Que corre e escorre como fel.
Ando pensando em imagens,
Para escrever diante das linhas,
Contra as margens
Do papel de todos os tempos.
Rasgo, quando não gosto
Da poesia mal escrita por mim
E fico triste quando não volto ao meu posto
De pensador, que sempre busca um fim.
No alto do farol daquela ilha,
Viajo nos sonhos importunos,
Que ficam com a rima
De várias noites lusíadas.
E na hora em que acordo,
Vejo o sol brilhar nos meus pensamentos,
Que viajam diante do tempo.
Oh! Formas ilustres, que mostram os conhecimentos.
Vivo de poesias da minha mente
Como vive a gaivota de peixe,
Que mostra a forma mais diferente
De deixar o poema no feixe.
E agora sai da minha mente
O lixo poético da ordem do vidente,
Que fica a borbulhar no ocidente,
Diante do espírito do oriente.
Oh! Inveja Parnasiana...
Oh! Inveja lusitania,
Que mostra a chama
Ardente do fogo, das poesias da vida...
09/09/97
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15 O poema “A Inveja Paranasiana” foi publicado no Jornal de Sábado em 27/09/03.