Pátria
Sou de um país que é um Estado,
Um estado de espírito, talvez,
Mas parte de uma nação
Que não é a minha.
Por mais que irmanados na mesma bandeira,
Não por acaso segregada pela faixa carmim farrapo,
Destoamos em ideais e costumes.
Sou, portanto, imigrante em minha própria pátria.
Taxado de estrangeiro, às vezes;
Mas, sempre taxado, cada vez mais!
Por certo, até, pelo espírito faceiro,
E o jeito despojado, debochado,
Mas muito franco de ser e viver.
Sou de um Estado que é um país,
Um espírito de estado, talvez,
Mas nação de uma parte
Que é só minha.
Por mais que segregados em bandeiras,
Irmanados por acaso pela faixa carmim farrapo,
Comungamos em ideais e costumes.
Sou, portanto, forasteiro de outras pátrias.
Taxado de estrangeiro, sempre!
Mas, sempre taxado, nunca anistiado.
Às vezes, até, pelo jeito debochado,
E o espírito despojado e franco
Mas amante da liberdade e do viver.