Ao tranco de uma noite

O mouro troca orelha, carregando minha saudade

Escuta a sonoridade dos grilos pelos varzedos

Rédea na ponta dos dedos, numa ânsia costumeira

De cruzar pela porteira do rancho dos meus segredos

A noite chegando mansa, esconde as curvas da estrada

O vento tapeia o prada, que abriga estes meus anseios

Meus olhos buscam luzeiro de uma casinha perdida

Onde a china mais querida me esperou o mês inteiro

Meu poncho sente o minuano, que alvorotou as carquejas

E minha alma sempre andeja, relembra o calor de um mate

Me imagino no arremate desta jornada teatina

Entre os braços da minha china, sobre os pelegos de um catre

São léguas sobre os arreios cortando o clarão da lua

E molhando as cordas cruas no orvalho da madrugada

Na solidão desta estrada vou buscando um sinuelo

De uma flor no seu cabelo adornando a minha chegada

O sol levanta o topete, anunciando um novo dia

E o meu rancho se anuncia, no acôo do cusquedo

Que obedece meus gritos e vêm encontrar meu pingo

Nesta manhã de domingo, que se chegou tão bonito

Os escarceios do mouro anunciam minha chegada

E a silhueta da minha amada, me contempla da janela

Me esperou de sentinela, com um mate e um sorriso

Isto é tudo que eu preciso, pra voltar pros braços dela