Mateando

Meu patrício

Aí foi o mate

Vá chupando despacito

Que é triste matear solito

Quando a velhice nos bate

Por isso, neste arremate

Que chegou no arrepio

Meu velho peito vazio

Que já teve tanta dona

Ressonga que nem cordeona

Nos bailes de rancherio

Não é que me falte fibra

Nem firmeza no garrão

Pois meu velho coração

Bem com passado ainda vibra

Quem gastou libra por libra

Da sorte fazendo alarde

Não cala por ser covarde

Nem chora por ser manheiro

Lamenta el sol verdadeiro

Que vai borcando na tarde

É a saudade

Essa punilha

Que vai nos roendo canal

Esse caruncho infernal

Que fura até curunilha

É a derradeira tropilha

Da vida martironiada

Que chegando ao fim da estrada

Se dá conta num segundo

Que veio e vai deste mundo

Sofrendo a troco de nada

É triste matear sozinho

De tarde ou de madrugada

Amargando a paleteada

De algum passado carinho

Como dói lembrar o ninho

Que o tempo levou na enchente

Mas porém deixou semente

De tristeza e de amargura

Pra reviver a ternura

De alguém que já foi da gente

É por isso meu Patrício

Que não mateio solito

Embora o verde bendito

Pra mim seja mais que vício

É o meu último munício

Que não despenso, nem largo

E peço a Deus

Sem embargo

Da xucreza do meu canto

Que no céu

Me guarde um santo

Parceiro pra um mate amargo