"Recuerdos"

Quando bombeio solito estas coxilhas infindas,

eu me recordo ainda, dos tempos de antigamente,

aqueles tempos em que a gente corria no descampado,

campeando, levando gado no largo de um corredor,

pela culatra ou fiador, com chuva ou com sol ardente.

Recordo a velha carreta rangendo pelos caminhos,

também recordo os carinhos das prendas deste meu pago,

pois dentro do peito trago muito amor por este chão,

terra de tradição, de culturas e de valores,

de violeiros cantadores das coisas do coração.

Minha alma se engrandece quando falo do Rio Grande,

e o meu peito se expande cheio de graça e orgulho,

me sinto um velho mangrulho bombeando pelas coxilhas,

sempre alerta, de vigilha, qual quero quero campeiro,

atento a qualquer entrevero, esperto a qualquer barulho.

"Qué cosa buena", parceiro, quando chego em um rodeio

e vejo nossa gurizada laçando sobre os arreios,

ou então enforquilhados no lombo de algum bagual,

piazotes ou já barbados, entreverados na lida,

se ajudando, parceriando sem dar bola pros volteios.

No final dos meus janeiros sigo mateando solito,

lembrando, quando piazito dos banhos na velha sanga,

dos sabores das pitangas colhidas lá na tapera,

dos cantos dos bem-te-vis, dos sabiás, canarinhos,

de todos os passarinhos nas tardes de primavera.

Marcos Bitencourt
Enviado por Marcos Bitencourt em 14/10/2013
Código do texto: T4524571
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.