TRIBUTO A UM GAITEIRO
TRIBUTO A UM GAITEIRO
(Homenagem ao amigo Édson de Vargas)
Indagaram os cantadores
– Quem mandou parar a gaita? –
E de pronto, um índio taita,
Sem se fazer de rogado,
Voltou a mão ao teclado
"Sapecando" uma vaneira;
Levantava polvadeira
Quando o fole se alongava
E a cordeona ressongava
Confidenciando segredos
À guitarra do Penedo
E a um leguero que rufava.
– Quem mandou parar a gaita? –
Por certo foi o destino
Que tropeando teatino
Nos privou desse chiru,
Turuna de Canguçu,
Tinha som até no nome,
E seu legado não some,
Pois deixou por testamento
Inspirado, ao relento,
Versos à lua, siá-dona,
Chinoquita-querendona,
Sarandeando com o vento.
– Quem mandou parar a gaita? –
Madrinha de tantos ‘Guapos’,
Do ‘Guarani’, dos ‘Farrapos’,
‘Tarumã’ e, ‘Bagualitos’,
E trago no olhar contrito
Recordações infinitas:
É a saudade que palpita,
E não se imagina quanto!
Mas sequemos nosso pranto,
Partiste como querias:
Bordoneando pescarias
Nas nascentes do acalanto.
Jorge Moraes – jorgemoraes_pel@hotmail.com